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1. |
Miragem
08:54
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Era uma estrada ao relento
Poeira de vermelho no alcatrão
Suspensos, cabos de alta ilusão.
Mesmo à beira, em aurora de ponta
Pássaros e heras cobrem os muros
E de era em era despem os tubos.
Nas fendas nascem cactos e vigiam lagartos
A montra encardida do pronto-a-existir.
Mega-estruturas de momento e betão-alado.
O semáforo é esfínge de ferro
Ferrugem que sopra o horizonte.
Um peso-pluma é alma-tijolo
no arranha-céus que começa e desaba outra vez
ali e por dentro
Alucinou assim Morfeu Babel.
Anfitrião de Esparta e Tebas.
Imolação de pó.
Parece ser assim todos os dias na cidade volátil
onde o tempo abrandou tanto que parou.
Nesta direcção, um ciclone radiante
Vem cobrir este sítio de ausência.
O vento, o vento, levanta, o vento, danado, levanta, o pó duma laje
onde crescem as palavras:
Aos ombros, ao colo, aos pés de gigantes.
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2. |
Caverna
06:04
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Olho, osso
Desde sempre estático
Presos contra o pórtico
Público enigmático
E ao voltar à gruta, julgado louco
O homem posto burro talvez desista um pouco
Enquanto lambe as feridas não perde a esperança
Mas, mudado o homem, muda-se a confiança
Triste sorte! O único
Solto desta gruta vê
Que até então não viu mais do que
Fantasmas e o novo mundo parece-lhe miragem
E ao voltar à gruta, julgado louco
O homem posto burro talvez desista um pouco
Enquanto lambe as feridas não perde a esperança
Mas, mudado o homem, muda-se a confiança
São precisos mil anos para cegos olhos se habituarem à nova luz
E ao voltar à gruta, julgado louco
O homem posto burro talvez desista um pouco
Enquanto lambe as feridas não perde a esperança
Mas mudado o homem...
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3. |
Cela de Nada
06:44
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Não poder culpar um deus por um passado e um futuro que não existem.
Diante de escolhas impossíveis a liberdade é maldição.
Logo agora foi Deus morrer.
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4. |
E Marte?
06:19
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Plano, curva, arco, esfera
Antes do sol quem nasce somos nós
Fica o Atlas só janela
Um tudo-nada azul
Olhamos de frente
Viramos costas, rumo ao poema
A canção já chega a Júpiter
E a Terra encolhe, criança pequena
Qual ciclópica bruma,
É tempestade em carne viva
Tocamos no ombro o mundo
Calma, não vai sentir nada
(Ser-se cedendo ao sempre sendo tudo ao mesmo tempo)
E aquela palavra – esta – fica
Dizendo-se a si mesma
E as próximas já orbitam Urano
Colosso gelado
É isso, voltar, se ainda há tempo.
É que não, não é doença, é cura, caramba!
E se ficarmos, seremos só mais um quarto fechado
Oh, Plutão, foi por pouco, querido anão.
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5. |
Outra Saída
08:33
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Ardeu, lançou, chegou à superfície de vez.
Dorme agora em parte incerta
Que o acaso o deixe ser
Gente com as letras todas.
Abre a porta e não volta mais.
Apostam derrota atentas hienas.
Dorme agora em parte incerta
Que o acaso o deixe ser
Gente com as letras todas.
Abre a porta e não volta mais.
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6. |
Derrocada
04:04
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Mas desde quando é que dizer o que é verdade é presunção?
Com que cara diz agora “Não sei, não quero e não faz mal”
Quis a resposta e encontrei no mesmo saco opinião
Reveladora de uma tese lida na diagonal.
Como foi que se ensinou o mundo a não pensar?
Que rumo foi que sofismou a liberdade?
Quando passámos a ver tudo sem olhar?
Quem paga agora a conta dos que acharam caro conhecer?
Demagogia intolerável usa o ódio para comprar a humanidade Prometendo o paraíso enquanto queimam os seus tomos;
Quem se lembra do passado se ele for uma fogueira?
O mundo inteiro vê as horas num relógio parado...
O mundo inteiro vê as horas num relógio parado e ninguém parece reparar.
Intolerância e conformismo são um par de namorados
Menosprezam o saber só porque não se mede aos palmos.
“O sono da razão engendra monstros”
Arquitectos devassos levam a democracia ao escombro.
Como interromper agora este curto-circuito
Medrado na selvagem crosta comportamental?
Crescem muros e distância alimentados a nada
Que língua fala a multidão quando não sabe e está zangada?
Saber ao menos a diferença... É inacreditável!
Ah! Eu queria tanto conversar!
E se não dá para ser Habermas
Que ao menos se aprenda com ele:
Uma conversa inteligível, sincera, racional,
Pensar o mundo, perguntar, lançar-se em fome de real!
Perguntar, isso sim, é um acto de revolução,
Até sempre, isso sim, é um acto de revolução!
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7. |
Lucky sem Pozzo
05:17
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Afinal qual é a pressa
Se o tempo todo é espera
Nunca chega, nunca dá
Tudo em nome da promessa
Tanta pressa para quê?
Há-de vir a permissão
De uma vida além robô
Paciente sentinela
Jura ao longe ver Godot
Todos esperam um pouco
Todos correm um pouco
(Vamos lá, vamos lá!)
Todos berram um pouco
(Vamos lá, vamos lá!)
Talvez o amanhã esteja prestes a chegar
(Vamos lá!)
De quem é então o pódio na corrida que não sai do seu lugar
(Vamos lá!)
Vamos a lado nenhum
Vamos a lado nenhum
Vamos a... espera, espera, espera!
Mas como é isto?
A gente corre enquanto espera
Quase louca e barulhenta
Noite e dia segue a máquina perpétua
E tanto estrondo ouvido aqui
Tanto barulho para nada
Chega aos ouvidos em bicos de pés
Tempo de existir, de exigir para si o tempo
Pouco a pouco ver em tudo maravilha
Quando de repente, súbito vislumbre
Risca o nome da lista de espera
Nunca mais levar pancada
Não
A vida agora, porra, agora
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8. |
Sonho Monstro
07:14
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Sete bocas cerram
Sete faces giram
Vulto gigante, monstro
Velho pesadelo
Ginga e balança
A cauda pela rua
Mata e mata a fome
Com as mãos de quem dorme
Mas acordado
Como saber
Se não é o monstro
Que sonha agora ser ele
Máquina triunfante
Glória no desastre
Treme o chão e o astro
Ledo e vil gigante
Horizontal o corpo
Besta indomável
Dorme em paz o monstro
Dorme em paz o homem
Mas acordado
Como saber
Se não é o monstro
Que sonha agora ser ele
Que estranho é o prazer que sente agora.
Como voltar à humanidade sua?
Como voltar a não saber ser um monstro?
Sete bocas cerram
Sete faces giram
Vulto gigante, monstro
Velho pesadelo
Ginga e balança
A cauda pelas ruas
Mata e mata a fome
Com as mãos de quem dorme
Mas acordado
Como saber
Se não é o monstro
Que sonha...
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